sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Papeando com Chico Diaz!


O blog da Praça papeou com Chico Diaz, ator que já atuou em mais de 50 filmes, diversas novelas e peças teatrais, além de ter recebido prêmios nacionais e internacionais pelo seu trabalho. Em Praça Saens Peña, Chico interpreta o personagem Paulo, que de repente se depara com a possibilidade de realizar um dos seus sonhos. Confira a entrevista abaixo!

Blog da Praça: No filme você interpreta Paulo, um sacrificado cidadão classe média, professor e pai de família que se vê diante da possibilidade de realizar um sonho e ainda melhorar financeiramente. Diante desse quadro, os brasileiros vão se identificar na tela?

Chico Diaz: Sim, eles vão se identificar pelo quadro apresentado, mas mais ainda, com certeza, pela humanidade dos personagens na luta diária pela harmonia familiar, pelo amor que ali existe, pela sobrevivência diante do mistério de cada dia. Do esforço necessário para isso.

BP: Como foi o processo de preparação para a criação desse personagem?

CD: Básica e fundamentalmente foi o trabalho feito com o Vinicius, na procura pelo Paulo e consequentemente pela Tijuca, pela historia de seu bairro, para escrever o livro. Ou seja tudo que o Paulo buscava, eu também estava à procura. O espaço que o Vinicius proporcionou para uma busca própria, até de diálogos e pensamentos do personagem que acabaram sendo usados, o jogo com os outros atores, a generosidade de todos acabaram imprimindo no filme.

BP: O personagem Paulo é diferente dos seus últimos papéis. Isso se tornou um estímulo a mais para o trabalho?

CD: Sem dúvida alguma. Poder, aos 50 anos, viver uma experiência dessas é um desafio muito estimulante. Quebrar os códigos de atuação que já estavam estabelecidos, criar novos, com mais silêncio, menos ação exterior, mais diálogos interiores, reflexão, tudo isso, ali em um roteiro onde, numa primeira leitura parece que nada acontece, subterrâneos, de repente, os sentimentos vão se revelando, os conflitos também, isso é muito interessante... trabalhar nesse outro universo.

BP: Como foi a experiência de entrevistar Aldir Blanc? Havia roteiro para essa cena?

CD: Sensacional! O Aldir é o legitimo representante da área representada. Sabe tudo do Rio e da Tijuca...então mais uma vez o olhar documental do filme se funde com o olhar documental que o personagem da ficção buscava, ali se da o verdadeiro encontro no filme...acho a cena sensacional...um grande momento do filme...entre outros claro. E ele estava brilhante. Na verdade havia a idéia da cena e eu já estava imbuído das questões que levavam o Paulo até ali. O Chico também estava curioso por aquele encontro... então depois da conversa com o Vinicius pensei nas questões possíveis para abordar o Aldir...e a forma com que um admirador encontra seu ídolo. Sempre contando, claro, com o acaso que é um cúmplice fiel para essas ocasiões.

BP: Como avalia as diferenças entre cinema e TV? Tem alguma preferência?

CD: Basicamente o cinema trabalha com síntese. Em poucos quadros você tem que ser capaz de passar a idéia, o sentimento ou a situação. É uma linguagem rebuscada.. a forma de filmar já enuncia o sentimento do filme ou da cena, o gesto é preciso de acordo com a lente. Uma estória em duas horas. Detalhes são muito importantes. A televisão nos fornece uma nação inteira para dialogar, trabalha-se para as grandes massas e um ambiente mais comercial. A tendência é o naturalismo, a diluição da ação, o que também tem sua ciência e seus segredos. Uma estória se passa ás vezes em 9 meses. Mas acho que para o ator frequentar todos os suportes possíveis é fundamental. É exercício importante. No teatro reina o ator, no cinema o diretor e na TV ,o produtor.

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