sábado, 17 de outubro de 2009

Papeando com Vinícius Reis

Em entrevista para o blog, o diretor e roteirista Vinícius Reis nos contou um pouco sobre a influência de sua relação com a Tijuca na realização do longa, o processo de filmagem, entre outros assuntos abordados.

Confira a seguir:
Blog da Praça: Você nasceu em São Paulo, mas foi criado no Rio de Janeiro, mais especificamente na Tijuca. Quando teve a ideia de escrever um roteiro ambientado no bairro, em parte pensava em recriar um retrato da sua própria história?

Vinícius Reis: De certa maneira, sim. Em alguns pontos, a minha família, alguns vizinhos e conhecidos inspiraram a família da ficção. A Tijuca é muito grande, complexa e abrangente. Um filme só não daria conta disso tudo. Então "Praça Saens Peña" é sobre a minha Tijuca.
BP: Como foi ver na tela a Tijuca em que você viveu?

VR: É uma "maravilha de cenário", como diria o compositor Silas de Oliveira.

BP: Mais do que um pano de fundo, a Tijuca é quase um personagem do filme, mas além de falar do bairro, o filme levanta a discussão sobre a realização de um sonho. Hoje, com o filme “Praça Saens Peña” pronto e com os dias contados para a estreia nos cinemas, pode-se dizer que você acaba de realizar um sonho?
VR: Sim. Sonhos se realizam quando são fortes, intensos e quando desejamos que eles se realizem.
BP: No processo de filmagem, com atores super experientes como protagonistas, havia espaço para improvisação?

VR: Chico Diaz e Maria Padilha estavam muito à vontade com seus personagens e familiarizados com o texto. Começamos as leituras do roteiro bem antes das filmagens. Isso nos deu segurança para improvisar em algumas cenas. O roteiro do Praça Saens Peña estava muito aberto, era uma ferramenta de trabalho bastante maleável. Claro que tínhamos uma história a seguir, um fio de linha de nos ajudava a sair de certos labirintos dramáticos, mas tudo com liberdade. O ato de filmagem foi algo muito vivo e isso trouxe um frescor para o filme.

BP: “Praça Saens Peña” é o primeiro filme que leva o nome de um local específico na Zona Norte. Você acredita que esse tipo de ação ajuda a diminuir o abismo que ainda existe entre os moradores da Zona Sul e da Zona Norte?

VR: Gosto muito dos títulos que situam geograficamente as histórias: "Copacabana me engana", "Manhattan", "Rio, Zona Norte", "São Paulo S.A.", "La Cienaga" (La Cienaga é o nome de um povoado em Salta, no norte da Argentina, onde Lucrecia Martel fez o filme dela). Todos esses filmes são histórias universais, mas que ao mesmo tempo afirmam suas identidades geográficas, suas localidades. Aprecio isso nas histórias, tanto na literatura quanto no cinema. Quis a mesma coisa para o “Praça Saens Peña”.

Entendo quando você fala em "abismo" entre a Zona Norte e a Zona Sul. Mas precisamos lembrar que o que há de fato entre essas duas regiões da cidade é um buraco na pedra: o Túnel Rebouças. Talvez o "Praça Saens Peña" faça o carioca olhar com mais carinho para sua cidade.

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