sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Papeando com Pedro Luís!

Entrevistamos o cantor e compositor Pedro Luís, responsável pela belíssima música tema do Praça Saens Peña. Aproveite e leia a entrevista ao som da música TEMPO DE MENINO!




Blog da Praça: Assim como o Vinícius Reis, você também tem uma relação afetiva com o bairro da Tijuca. Esse fato tornou ainda mais especial compor a música tema para o filme Praça Saens Peña? Pode-se dizer que essa foi a sua maior fonte de inspiração?

Pedro Luís: Posso garantir que as fontes de inspiração foram várias: amo cinema e, de antemão, o cinema em si é muitas vezes mais fonte de inspiração pra minha música do que a própria música; adorei o convite do Vinícius, que admiro como pessoa e também como cineasta e a encomenda é um fator que me instiga, ainda mais com tema definido; o projeto nem se fala, pois nasci e vivi até os 20 anos de idade na Tijuca, de forma que minha formação é toda vinculada ao bairro e suas qualidades, boas e ruins. Vi a Tijuca se transformar, pois mesmo depois de sair de lá continuei freqüentando, primeiro por conta de minha mãe, que morou na região até falecer, e ainda hoje por ter irmãos que moram na rua em que nascemos e crescemos. Meus irmãos Mário e Marcello me ajudaram quando comecei a fazer o levantamento de memórias Tijucanas em busca da fagulha precisas da inspiração.

BP: Independente do bairro, o carioca tem características muito fortes, como bom humor, você tentou traduzir esse espírito na música tema de PSP?

PL: Foi pensado numa música tema que trilhasse a história do bairro através de minha ótica, mas que servisse bem ao caminho que o filme escolheu dentro de um bairro com tantas possibilidades para se explorar em sua história. Acho que mais que humor, neste caso procurei a leveza, que é tônica e atrativo do filme.

BP: Que tipo de instrumentos foram usados na música Tempo de menino?

PL: Na verdade foram, com algumas exceções como reco-reco de mola, que toquei, e minha voz cantando, diversos instrumentos tocados pelo Rodrigo Campello, grande amigo que convidei para produzir a canção que é, além de produtor, um multi-instrumentista, e tocou violões, cavaco, baixo, escolheu programações e loops, com a categoria que lhe é habitual; há também um loop de batucada e coro feito por nós dois e a Roberta Sá.

BP: Falando em projetos pessoais, além do grupo Pedro Luis e a Parede, você é um dos fundadores do Monobloco, que arrasta todos os anos multidões no Rio de Janeiro, inclusive nesse ano vocês desfilaram na Avenida Rio Branco. Como foi que o Monobloco começou? No início, você tinha noção da proporção que ele tomaria?

PL: Estou tendo o prazer de este ano excursionar com a PLAP (Pedro Luís e A Parede) pelo Brasil e pelo exterior, com nosso álbum mais recente, Ponto Enredo. Conseguimos nos dar este direito em meio ao turbilhão que se tornou o Monobloco. O projeto do bloco teve dois pontos de partida : era uma maneira de permanecermos juntos ao final da turnê do 2º álbum PLAP (É tudo 1 real) e ao mesmo tempo a oportunidade de desenvolver uma idéia brilhante que o Celso Alvim (integrante da PLAP e maestro do Monobloco) já havia experimentado como professor de percussão brasileira da Pró-Arte.

Com o contingente de alunos ele montou um bloco (Pancaducada), que tocava nos instrumentos das escolas de samba repertório variado de música brasileira. Fizemos uma primeira experiência no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, e deu tão certo que propusemos ao extinto Rio Arte (ligado à secretaria Municipal de Cultura) uma oficina permanente. O órgão nos cedeu então o Espaço Cultural Sérgio Porto às segundas e lançamos o seguinte mote: Oficinas do Monobloco - venha aprender percussão com Pedro Luís e A Parede. A palavra Monobloco era um conceito de gravação que havíamos usado em nosso 2º álbum (É tudo 1 real) onde nós 5 da Parede gravávamos juntos, em mono, uma sonoridade de bloco por cima de algumas faixas, pra sujar um pouco a sonoridade. A procura pela oficina foi tão grande que tivemos que abrir mais duas turmas, desta vez no Eco-Som estúdio, do Paulo Cezar se Carvalho, que foi um dos parceiros iniciais do Monobloco, junto ao Tom Capone e ao Simon Fuller, nosso empresário na época.

No final do ano de 2000 fizemos as primeiras festas no Malagueta, em São Cristóvão, mas não deu muito certo. Em janeiro de 2001 começamos as festas no Clube Condomínio, no Horto e aí foi um sucesso exponencial chegando no desfile emocionante deste ano, em nossa estréia na Av Rio Branco, onde arrastamos uma pacífica multidão de 400 mil pessoas. Resumindo (ufa!) é isto.

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