quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O Rio de Janeiro e suas Datas

Na ficção, o personagem de Chico Diaz, do Praça Saens Penã, escreve um livro sobre a Tijuca e realiza um antigo sonho. Na vida real, o historiador Inoã Pierre Carvalho Urbinati, carioca e morador da Tijuca, também concretiza um de seus sonhos. Inoã é autor de Datas Cariocas, livro publicado em 2004, que pontua a história do Rio de Janeiro através das principais datas. Tivemos um bate-papo super interessante com o escritor, que nos contou um pouquinho do processo de criação do livro, além de dar dicas para novos escritores. Confira essa entrevista!


Blog do Praça: Como surgiu a ideia de escrever um livro sobre o Rio de Janeiro, tendo como referências algumas de suas principais datas?

Inoã Pierre: A partir de uma iniciativa que tomei logo no início da minha graduação em História, quando comecei a montar uma cronologia contendo as principais datas da história carioca, em áreas como o meio ambiente, a política, o esporte, a arquitetura, a cultura e a educação. Eu amo o Rio e meu gosto por história regional já vinha se manifestando em mim havia muito tempo. E eu sentia falta de uma espécie de guia prático permitindo um fácil acesso às principais datas da história de seus bairros, como Tijuca, Copacabana, Jacarepaguá, Santa Cruz, etc. De início, eu pretendia elaborar uma cronologia apenas para fins pessoais, sem ideia alguma de publicá-la. No entanto, ela começou a ganhar consistência e a ficar bastante ampla, com numerosas páginas; minha mãe, Leila Carvalho, me deu então a ideia de procurar publicar um livro. Eu percebi que realmente havia essa possibilidade e assim comecei a procurar uma editora que se interessasse pelo trabalho. E optei pelo título Datas Cariocas após ter me inspirado no Datas Matrogrossenses, livro lançado em 1919 pelo historiador Estevão de Mendonça, meu trisavô.

BP: Quanto tempo você levou para finalizá-lo (considerando também o tempo de pesquisa)? Durante a produção do livro, você teve que abdicar de algumas coisas, como as suas atividades de lazer? Chegou ao ponto de ficar noites sem dormir como Paulo em Praça Saens Peña?

IP: Cerca de cinco anos e meio, no total. Na verdade, como o livro foi fruto de um trabalho independente da universidade ou de qualquer outra instituição, não havia realmente uma rigidez de horário. Mas, nos últimos meses antes do lançamento, quando já havia encontrado uma editora interessada no lançamento do livro, de fato tive um tempo bastante corrido. E tendo de conciliar essas tarefas com o emprego, que era de horário integral.

BP: A busca por uma editora foi um processo difícil? Como acha que está o incentivo aos escritores no Brasil?

IP: Eu considero que tive sorte. Tive de procurar algumas editoras, mas rapidamente consegui estabelecer contato com a Editora Bruxedo (que terminou por apoiar a publicação do livro), graças a um ex-companheiro de trabalho, Vitor Alexandrino, que me disse na época que conhecia os dirigentes de uma editora interessada em publicar livros de autores novos. E os membros da editora foram muito receptivos, de modo que logo foi possível começar a preparar o lançamento do Datas Cariocas. Mas, de um modo geral, não acredito que seja tão simples. Deveria haver mais incentivos aos escritores, sobretudo aos novos. Eu tive sorte, diria. Além disso, acho que muitas livrarias poderiam dar mais espaço aos autores novos.

BP: O que você diria para servir como incentivo aos jovens autores?

IP:
Procurem sempre publicar suas obras, independentemente de opiniões contrárias. Se vocês acreditam que elas são interessantes e que merecem ser publicadas, então insistam até que elas sejam lançadas. Evitem cortes que julguem desnecessários e sejam sempre honestos consigo mesmo, redigindo somente coisas em que acreditem de fato.

BP: Pode-se dizer que você realizou um sonho ao escrever o Datas Cariocas?

IP:
Sim, posso dizer que sim. A publicação do Datas Cariocas correspondeu efetivamente a um antigo sonho meu. Senti uma satisfação muito grande, pois pude oferecer às pessoas um trabalho sobre a história da cidade onde nasci. Foi um trabalho feito com paixão.

Um comentário:

Marcia disse...

É muito bom ver que existem pessoas que conseguem realizar trabalhos que realmente as deixem realizadas.