quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Papeando com Guti Fraga

Hoje é dia de papear com Guti Fraga, que interpreta Macedo, um morador de uma favela da Tijuca que cruza o caminho de Paulo (Chico Diaz) em Praça Saens Peña. Além de ator, diretor e jornalista, Guti Fraga é fundador do grupo Nós do Morro, que entre outras coisas, lançou atores como Jonathan Haagensen, Mary Sheila, Roberta Rodrigues e oferece desde 1986 cursos de formação nas áreas de teatro (atores e técnicos) e cinema (roteiristas, diretores e técnicos), para diversas crianças, jovens e adultos moradores, ou não, do Vidigal.

Blog do Praça: Como você mora no Vidigal, acredita que isso tenha dado mais realidade ao seu personagem, Macedo?

Guti Fraga: Moro no Vidigal desde 1976. Acredito que o ator tem capacidade pra viver todas as possibilidades, agora, claro que quem tem um olhar mais próximo do universo que vive, fica mais fácil.


BP: Seu personagem é um entusiasta de viver no morro, apesar da violência. E você, convidaria um amigo e a família dele para trocar o asfalto pelo morro? De alguma forma as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) que estão surgindo no Rio contribuem para essa mudança de hábito de moradia?

GF: O ser humano tem capacidade de acostumar com tudo, mas o mais importante é o foco do seu olhar e do seu coração. Aqui no Vidigal, por exemplo, com certeza que teria coragem de convidar família amiga pra viver aqui e viver a poesia que vivo, apesar das dificuldades. Sempre o mais importante é respeitar usos e costumes de um lugar. Sobre as UPPs, ainda não tenho opinião, ou seria uma pauta a parte.

BP: Macedo conta para um desconhecido na rua sobre a trágica morte do filho. O que leva uma pessoa a fazer isso?

GF: Desespero. O desespero de um coração leva você a falar do existencialismo com quem te dá uma abertura pra falar, principalmente um filho, que passa a fazer parte da batida do seu coração.

BP: Você foi um dos fundadores do Nós do Morro, que tem lançado inúmeros atores que estão ganhando projeção nacional. O que falta para um projeto como este se multiplicar pelo país?

GF: A multiplicação faz parte da filosofia do Nós do Morro, mas o que falta realmente, são parcerias pra essa filosofia ser multiplicado com estrutura.

BP: Quais são seus próximos projetos para 2010?

GF: Novos projetos são tantos, mas o mais importante do momento é a montagem de uma adaptação do texto Pequenos Burgueses do Gorki.

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